Xico Sá – Chabadabadá


ChabadabadaOi pessoal! Ih, hoje não é quarta-feira, é quinta, e ontem não teve resenha. É que ontem foi feriado aqui em Curitiba (dia da padroeira da cidade, que eu não sei quem é. Prova fortíssima de que a fama do santo não se faz pelo feriado) e eu estava ainda no meu recesso prolongado de aniversário, e meu maior presente foi ficar uma semana sem esse mal necessário que é a internet. Foi bacana, mas agora também pago o preço: tô caindo de sono — acordei às quatro da matina hoje — mas fiel a vocês, meia dúzia de gatos pingados que ainda se importam de passar aqui vez ou outra. Então vamos lá, bem rapidão pra eu me meter no pijama logo.

Xico Sá, minha gente! Olha, se tem um sujeito que objetivamente SABE escrever nesse Brasilzão é esse rapaz, esse moço, pobre moço, nascido no Crato e radicado em São Paulo, cidade que, para mim, nada mais é do que o cenário do filme O Invasor: podridão sem fim. Mas isso pode ser só uma primeira impressão equivocada, parte da minha adolescência zanzando pela galeria do rock.

Mas tergiversei, divaguei, digredi (inventei um verbo legalzão!), soliloqueei (outro!), e não cheguei ainda no que interessa. Dizia eu que Xico Sá é um cabra que sabe escrever. Combinando erudição e populachos mil (e dos melhores), o escritor faz uma verve única para suas crônicas, que falam basicamente dos universos masculino e feminino (alô Pepeu!) e as disputas, lutas e nuances inerentes às classes. Um tema tão batido e, ao mesmo tempo, tão novo nas mãos desse cara. Ponto pra ele.

Xico SaChabadabadá é, portanto, uma reunião dessas crônicas que Xico escreve para os mil veículos com os quais colabora. Uma espécie de continuação de seu livro Modos de Macho & Modinhas de Fêmea, também lançado pela Record. Nesse livro, porém, surge a atualização do tema: a entrada (ui!) em nossa sociedade dele, o temido metrossexual, o sujeito que usa tiara, creminhos, roupas da Lacoste, ouve The Strokes e finaliza o fliperama de dança (opa, confundi as preferências sexuais, mas a ideia é essa: o hômi afrescalhado porém não completamente baitola). Também entram na ordem do dia as fêmeas predadoras, mulheres que exigem, escolhem, liberam-se sexualmente, levantando uma bandeira que nenhum sovaco cabeludo ou falta de sutiã poderia representar.

É até intrigante pensar como o autor divide seu tempo entre o Microsoft Word (ou outra ferramenta para dar vazão à sua verborragia, num bom sentido), as leituras dos clássicos, que são muitos — o leitor menos experimentado se perde entre as citações e referências — e a boemia, de onde, ao que parece, tira a maior parte de seus motes. Deve ser um dessa raça que o Millôr descreveu no prefácio do livro do Stanislaw, que saem do bar às 3h, estão na praia às 7h, e na máquina de escrever às 10h. Só isso explica, acho eu.

Essa edição da editora Record me surpreendeu positivamente. Que escritor não queria ter um livro com esse projeto gráfico? Pra começar, formato quadradão de almanaque que ganha o coração dos abestados e o respeito dos letrados, que vão ter algo diferente para fazer vista na estante. Depois, ilustrações — e muitas! — do mestre Benício, o cara das pin-ups. Se fosse só um livro do Benício já valia a compra, mas os caras juntaram isso às crônicas saborosas do cearense, e o livro ficou um pitéu. Papel pólen, fonte Filosofia (conhecia essa fonte? Acho que nem eu) e paginação só do lado ímpar, o que, embora seja um charme para formato de almanaque, é um pouco irritante para meus tocs, já que eu só leio a paginação do lado par. Mesmo assim, sensacional, capa coloridassa com direito a alto-relevo brilhante em papel fosco.  Bacaninha, né?

Ah, olha só, essa semana, o lado A traz uma entrevista com o autor. Vejamos se funciona esse negócio de completar o lado A com o lado B e vice-versa, né? Passa lá e fala tu.

Comentário final: 181 páginas em papel pólen soft quadrado. Porrada na sua cara!

10 Respostas para “Xico Sá – Chabadabadá

  1. Fala Yuri,
    Sou fã desse cabra Xico Sá! Estou para terminar o Chabadabadá! Só não terminei ainda pq comecei a ler Os detetives selvagens e está tomando todo meu pouco tempo livre para ler!
    Mas o Xico tem um dos melhores humores entre os cronistas atualmente. Santista ferrenho dá seu show no Cartão Verde toda quinta!
    Este livro rende altas gargalhadas. A mais pura verdade o que o homem está virando. E vc falou muito bem qd disse que ele combina erudição e populachos! De alta classe diga-se de passagem!

    Abraço!

    PS: Não esqueci da foto com o livro não.. ela vai essa semana pra vc! hehe

    • Oi Raphael, vi mesmo no seu skoob (já que você fez a gentileza de me adicionar lá na semana passada), que você está lendo Bolaño mesmo. Livro de fôlego, hein? Depois diz se é bom.
      Não sabia dessa aparição do Xico Sá na Tv, primeiro porque não assisto muito Tv (mas isso vai mudar agora que tenho uma maior) e segundo porque não sou ligado em futebol. Mas aposto que deve ser ótimo pelas tiradas dele, sempre certeiras.
      Veremos essa foto, hein?
      Abraço!

  2. Eae camarada Yuri,
    Tô numa luta sem fim entre congressos e facul, quase sem tempo para as suas dicas e comentários que me fazem aprender rindo.
    Mais uma bela resenha, como sempre. Não baixe a guarda porque net é assim mesmo: ingrata num dia e pior ainda no outro.
    Um abraço

    • Oi Gabriel,
      Fico feliz que você tenha tempo para passar aqui e ler essas besteirentas linhas. Agradeço o apoio e incentivo à empreitada. Há de melhorar um dia.
      Abraço!

  3. Yuri gostaria de agradecer porque me ajudou muito com um post meio antigo do Bartleby, sensacional tirou as dúvidas, valeu mesmo e para de dizer que é besteira o que escreve aqui, ¬¬ Beijos.

    • Oi Nathália! Obrigado por passar aqui. Sempre legal descobrir leitores.
      Fico feliz que eu tenha esclarecido alguma coisa com uma “resenha”, espero fazer isso sempre.
      Beijos e apareça.

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