Faça aí uma rápida pesquisa, seja no google, seja entre seus amigos. Você vai descobrir que muita, mas muita gente, tem uma opinião formada sobre esse livro. E a razão pela qual isso acontece é que, para muita gente, esse foi o único livro confessável já lido. Ninguém vai sair por aí falando abertamente que leu “Melancia” de Marian Keys ou “A Profecia Celestina”, de James Redfield porque é vergonhoso demais (se não é pra você, melhor rever seus conceitos). Mas O Apanhador no Campo de Centeio, esse sim todo mundo leu e bate no peito pra falar que leu. Se você tem mais de dezoito anos e ainda não leu esse livro, vou dizer que já passou da idade e talvez seja tão legal quanto assistir ao Rei Leão aos quarenta e três anos. O troço vai perder o sentido pra você. Por isso, corra e integre a massa que elevou essa obra à categoria de long-seller (é como alguns editores chamam os best-sellers clássicos).
O Apanhador no Campo de Centeio é um desses livros que criam uma ligação direta com o seu íntimo quando você está na adolescência. Em um primeiro momento isso é legal, porque você percebe que mais alguém te entende (e quando você é adolescente ninguém te entende, né?). Mas depois você percebe que todo mundo se identifica com o livro e que você, ao contrário do que você pensava, não era tão diferente assim de todo mundo. O livro conta a história de Holden Caulfield, um menino que deveria estar voltando para casa, pois foi expulso de seu colégio, mas resolve fugir. Nessa viagem acaba descobrindo coisas sobre si próprio e sobre a vida adulta. Nada de muito glamoroso nem sofitsticado. A palavra que melhor define o Apanhador é: singeleza.
Com uma história simples e um personagem cativante, o recém-defundo J.D. Salinger cativa leitores desde 1951 com sua principal obra. Acho que ele ficou tão feliz de ter feito algo assim que nunca mais escreveu nada que preste, e ainda assim manteve a admiração de seus fãs com outros livros, como Franny & Zooey e Nove Histórias, mais fáceis de serem achados aqui no Brasil. “Que injustiça!”, os fãs dos outros dois títulos poderiam pensar, mas olha, é o efeito Kill Bill, não é? Quem gosta de Cães de Aluguel e Pulp Fiction não se importa.
Agora vamos combinar que, por mais unanimidade que seja, a edição brasileira é pra sentar e chorar. Primeiro que o preço simplesmente não condiz com o projeto gráfico. Uma tal de Editora do Autor, da qual nunca vi mais nenhum livro que não fosse os do Salinger. Um formato estranho de livro (quase quadrado), página offset e o pior: orelhas nas quais não há absolutamente nada escrito. Tava na hora de alguma editora catilogente comprar os direitos desse livro e fazer uma edição bacana. Depois, a própria Editora do Autor “repaginou” a edição, fazendo o quê? Deixando a capa do livro fosca. Uau, agora sim esse livro vale quarenta e cinco reais!
Esse foi um dos primeiros livros que eu comprei, e não me arrependo. A leitura foi importante e eu e o Chico até chegamos a filmar um curta experimental à la Glauber Rocha chamado O Apagador no Campo de Centeio, onde tinha um grampeador que fazia o papel de apagador, uma horta de cebolinhas que fazia o papel de campo de centeio e o próprio Chico que fazia o apanhador do apagador no campo de centeio. Pena que não foi pra frente.
Comentário final: 207 páginas offset quadradonas. É como ser atropelado por um fusca: pode não machucar tanto, mas a humilhação de ser atingido por tal porcaria…
É verdade, o projeto gráfico é bem horrível e o preço deste livro (R$ 44,90) é um absurdo.
Mas é um livro lindíssimo, sobretudo quando se lê no auge da angústia adolescente.
:*
Concordo com tudo, Carlinha! Beijo!
Droga. Passa o Marques de Sade pra cá que agora eu serei obrigado a ler.
Faço uma matéria de antropologia que o professor recomendou esse livro
como uma das leituras obrigatórias da vida. Blah blah blah…
Sò que ele é o tipo de pessoa que fica com o pênis ereto só de falar em Chico
Buarque (vulgo “Chico” por essa classe).
Sinto muito Maurício, não quero meu amado livro passeando por esses antros que você frequenta e chama de “faculdade” 😛
às ordens!
adorei a resenha. (mas eu continuo sendo exclusiva pq gosto mais do servidao humana. rá)
Ahahahah exclusividades a parte, O Apanhador ainda é o clássico do autor, Albana! Beijo
Cara, li esse livro duas vezes, mas queria ler agora, acho q ia me identificar mais, hauhua. Sério, no sentido de entender de fora, de comparar com o que lembro da adolescência e está mais organizado e lúcido na minha cabeça. Até os 35 dá pra ler de boa esse livro. Abraço!
Acho que vale o experimento, Henrique. Provavelmente você vai achar a história sem sentido e o Holden Caulfield (cujo nome foi usado pelo Kevin Smith no Procura-se Amy, lembra?) um moleque mimado sem noção da realidade. Um abraço!
O livro é maravilhoso ,tenho uma edição em inglês,este é muito caro e a tradução não gosto,e torço por uma nova tradução ! ,eu não me importo com livros facil ou difícil,que me dá no saco sempre é as traduções, sou muito exigente com relação a isto.
Beleza de blog, meu caro.
Valeu, Sr. Pupo! Apareça sempre que puder. Grande abraço!
Você tem razão: http://www.editoradoautor.com.br/
Não é que a tal Editora do Autor publica exclusivamente os três livros do Salinger traduzidos? Piada pronta!
beijo!
Ahahaha que cara de pau a desses caras, Manu!
Bom, pelo menos uma coisa é certa: eles enriqueceram vendendo só três livros!
Obrigado pela visita! beijo!
ahahahahah…esse eu já li adulta.
Quando li pensei: nossa, porque tanto barulho.
Exatamente, Giórgia. Por isso temos que aproveitar a juventude para ler certas coisas, senão o tempo passa e os livros deixam de fazer sentido!
Abraço!
Na verdade, o projeto gráfico do livro, incluindo a não publicação de foto do autor, sem texto de orelha, etc., foram exigências do autor… As editoras de todo o mundo têm de seguir tal padrão. De qualquer forma, não justifica o preço… rs
Pra diminuir o achisco:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/01/1399319-escritor-jd-salinger-e-o-unico-nome-da-historica-editora-do-autor.shtml