#lendovidaedestino

Como diria um desde já saudoso Parangolé, e rompendo com esta epígrafe um hiato longo sem textos escritos nesse espaço: Bota a mão na cabeça que vai começar.

Faltam apenas cinco dias para o início da leitura coletiva de Vida e Destino, e as solenidades preliminares fazem jus ao tamanho da obra. Não é todo dia, afinal, que mando vocês leitores encararem um tijolo de 900 páginas. Faço isso no máximo uma vez por ano e nunca nada tão grande. Mas calhou de ser este o escolhido para a categoria mandatória do Desafio Livrada! 2017, no qual espero que todos estejam se saindo bem até o momento. Vamos, com este post de hoje, dar o primeiro tiro de aviso a você, que já botou um pé para dentro da cerca do galinheiro e já pensa em fugir com as galinhas e os louros da fama sem ao menos se dar conta do que tem em mãos no momento. Arruma um exemplar e se prepare porque dia 1 de julho começamos esta longa jornada, com as instruções e o incentivo da querida Isa, do Lido Lendo, que a essa altura, espero, já deve ter soltado o vídeo sobre a leitura. Desde já o que posso adiantar para vocês é: fiquem ligados no canal do Livrada! e compartilhem impressões usando a hashtag #lendovidaedestino. Se puder dar uma força na imagem abaixo, também seria massa.

Aproveita e se liga no cronograma que a Isa fez:

  
Vamos voltar à vaca fria agora:

Vida e Destino é o tour de force do Vassili Grossman, escritor ucraniano e ex-combatente russo na Segunda Guerra Mundial, que servirá de palco e objeto daquilo que estamos prestes a ler. Loas públicas e ratificações sobre a importância da obra podem ser encontrados em todos os cantos da internet, de maneira que esta breve apresentação aqui serve, para além da solenidade supracitada, pra você, seu preguiçoso que é capaz de passar o dia vendo vídeo de gatinho mas é incapaz de ler um artigo da wikipedia de cabo a rabo. E também para dar um gostinho do que vem.

Basicamente o que temos aqui é um relato sobre a guerra de um ponto de vista não apenas particular como também muito íntimo. Grossman fez a vida de seu personagem Viktor Chtrum muito similar à sua, incluindo nas chagas de sua alma literária as dores experimentadas com a guerra de verdade. Sobre isso a apresentação do tradutor Irineu Franco Perpétuo lhe brifará muito melhor do que eu. Basta saber que não estaremos lendo um romance pensado nas bases de uma imaginação inconsequente, estaremos visitando os horrores experimentados pelo redator dessas 900 páginas. E se não é possível ver a Califórnia sem os olhos de Marlon Brando, também fica difícil encarar Vida e Destino como uma versão atualizada de um Guerra e Paz. Sejamos os olhos do autor e não nos recusemos a nada.

A guerra russa, chamada de A Grande Guerra Patriótica, é também uma guerra dupla. Um inimigo avança pelo Volga enquanto o outro se instaura no dia a dia das pessoas. O fascismo de Hitler estava sendo combatido por homens já acostumados ao fascismo de Stalin, e é claro que no meio disso tudo há um judeu de sobrenome Grossman para quem a vida é quadruplamente mais complicada. O antissemitismo, como vocês que leem Dostoievski já sabem, não é uma exclusividade nazista. Daí já dá pra imaginar como vai ser, né? Mas calma lá que ainda não terminei.

Não sei se existe algum leitor hoje em dia que não esteja habituado a ler um catatau desse calibre, já que as megastores estão apinhadas de livros de mais de mil páginas sobre dragões e zumbis que não só a negada tira da mochila pra ler no ônibus como acaba rápido e ainda pede mais. Entretanto, vai aqui algumas palavras amigas que largo na moral e na esperança de serem úteis a marinheiros de primeira viagem.

Vida e Destino tem muitos núcleos e muitos personagens, embora a trama possa ser centrada na família de Chtrum. Há uma lista de personagens ao final do livro que pode ser consultada, mas caso você se veja perdido em relação a alguém, fique tranquilo. Você terá bastante tempo para se familiarizar com todos.

É importante que se saiba que a narrativa fará grandes saltos entre os núcleos, de modo que acompanhar cronologicamente os acontecimentos pode ser um pouco difícil. Não tema. O que está em jogo aqui são os episódios, as experiências e o grande quadro pintado com as tintas do horror. Isso aqui não é Guerra dos Tronos pra você ficar acompanhando o que tudo acontece passo a passo, vato. Relaxe.

Desejo uma boa leitura a todos, mas espera até sábado que vem, caraio. Não vai queimar a largada que isso aí pega mal com a mulherada inclusive.

 

Vídeo: História do Novo Sobrenome, de Elena Ferrante

Olha a gente aqui de novo com mais um vídeo. Eu queria muito ler o Dias de Abandono também, mas essa tetralogia tá demais. Vocês, o que acham dela?

Clica na imagem pra ver o vídeo.

Elena Ferrante

Vídeo: Os Abraços Perdidos, de João Chiodini

Vocês já ouviram falar de João Chiodini? Caso a resposta seja não, cá estou eu fazendo a minha parte. Mas ele também fez a dele. Em dois passos simples: primeiro, escreveu um livro interessante. Depois, mandou ele pra minha caixa postal. Demorei pra ler, mas li. Está aqui algumas palavras sobre este romance catarinense, um drama familiar forte.

Os Abraços Perdidos

Vídeo: Foe, de J.M. Coetzee

E aí, party people, estão curtindo essa vibe inédita e raríssima do Livrada! de dois vídeos por semana? É, enquanto sai a cobertura da Flip, vou soltando esses que gravamos por lá. Esse é de um livro antigo do Coetzee que só foi lançado agora pela Companhia das Letras. Espero que gostem.

Clica. Na. Imagem.

Foe

Vídeo: dois livros de Ivan Búnin

Ivan Bunin (1870-1953) talvez seja um russo que você não conheça e nunca tenha ouvido falar, apesar de ter ganhado o Nobel de literatura de 1933. Mas tudo bem, não tem motivo pra se envergonhar disso, até porque ninguém é obrigado a nada. Nesse vídeo te conto um pouco sobre ele e sobre minhas impressões a respeito de dois livros seus, lançados pela Editora 34 e pela Amarilys.

clica na imagem.

bunin