Adolfo Bioy Casares – Diário da Guerra do Porco (Diario de la guerra del cerdo)


diario de la guerra del cerdoFalaí minha galerinha, como vocês estão? Fiquei feliz que alguns de vocês aderiram à ideia do desafio literário Livrada! 2011. Quem ainda não definiu, defina o autor vencedor do prêmio Nobel de literatura que você vai ler e avise-me, que em breve publicarei uma lista com os participantes. Tem autor para todos os gostos, menos pra best-seller e auto-ajuda, acho eu. Então bora participar. Quem tá por fora clica no banner ridículo que eu botei ali do lado pra se inteirar dos papos da tchurminha.

Bom, vamos lá: Adolfo Bioy Casares, como todo mundo sabe, é o camarada do Borges. Nessa associação, ficou meio à sombra do outro, meio coadjuvante, embora tenha uma qualidade literária sinistrona também. Mas não deixa de ser o Luigi pro seu Mario, o Sundance Kid pro seu Cannes, o Silent Bob pro seu Jay, o John Coltrane pro seu Miles Davis, o José Carreras pros seus outros dois tenores, o Dillon pro seu Dutch, enfim, já deu pra entender. Os dois ficaram conhecidos por pintar uma Buenos Aires muito parecida com uma Gothan City: cheia de escuridão, decadência ocidental, mistérios e palhaços sorridentes (opa, isso não). E nesse livro, Diário da Guerra do Porco, a coisa não é diferente.

A história gira em torno de um grupo de velhus decreptus que começam a morrer de medo de andar na rua desde que os jovens da cidade matam um velho a pauladas na frente de todo mundo e ninguém mexe uma palha por isso. A partir daí, começa uma caça aos velhos, onde o grupo vai se acuando e, como em todo bom thriller, vão morrendo um a um aos pouquinhos. Isso, quase como um Pânico geriátrico, só que sem as máscaras de caveira e sem as péssimas atuações. Falando em Pânico, o clima de pânico dos velhinhos é legal, mas o que vale mesmo no livro são as suas insatisfações em serem velhos, ou nem tão velhos. A maioria tá entre os 40-60, mas isso aí, pelos padrões modernos, é pra jogar no poço de piche, é ou não é?  Os velhos, ou “porcos” como o título diz, são pessoas imorais e pervertidas que só querem se aproveitar das ninfetinhas — o que é verdade, mas ineficaz para quem não é dono de empresa.

Bioy constrói o cenário da história como a nossa cachola às vezes constrói um pesadelo: tudo meio borrado, meio estranho, meio familiar, meio tudo. A escrita dele é toda bonita e com uma dose certeira de frases de efeito. Por isso é que é legal.

E esse livro? Troféu livro bonito do ano, da Cosacnaify. Fonte Utopia, papel pólen, capa dura e uma porra da fotos alucinantes do autor e da cidade. Isso aí, povo, post curtinho hoje (sexta-feira) porque tô partindo pra São Paulo no fim de semana. Abraços a todos!

Comentário final: 209 páginas papel pólen e capa dura. Pra descer o sarrafo nos velhinhos!

 

12 Respostas para “Adolfo Bioy Casares – Diário da Guerra do Porco (Diario de la guerra del cerdo)

  1. Tá aí um autor que quero ler muito, muito em breve. Até trouxe um livrinho dele do Rio pra gente!

    Ah, e você sabia que o Pedro Juan esteve no Brasil em 2008 (ou 2009, não sei)? Pois é…

    Beijos!

  2. Recebi de presente um livro do Casares, já faz um tempo. Achei bem interessante, gostei da capacidade fantástica dos contos, sem descambar em uma fantasia sem fim ou muito intelectualizada – como a do Borges -. Ele é sempre ligado ao menino de ouro argentino, mas vejo uma qualidade e uma diferença que não se ligaria tanto assim ao Borges. Em todo caso, vale a pena conferir a criação de cenários que tendem para um lado Poe, como também uma sugestão de caminhos que se entrecruzam na escrita de Casares.
    Abraço.

    • Oi Lucas,
      Percebo que a ambientação que o Bioy faz nesse livro é um tantinho diferente daquela do Borges. Mas não muito. Acho que a ligação entre os dois é inevitável, sendo ambos argentinos e amigos. O mundo da literatura carece de duplas de escritores faz tempo, eu acho. As Irmãs Brontë foram as últimas escritoras que andavam em bando, se eu não me engano.
      Abraço!

    • Problema nenhum, Leonardo. Há no protagonista um charme que vem do mistério que paira sobre ele. Sabemos da motivação do Mario para salvar a princesa, mas que faz o Luigi arriscar a própria vida para ajudar o irmão a buscar um rabo de saia através de vários mundos? E bem, o Bob Calado é um enigma em pessoa…
      As ninfetinhas do livro até existem, e elas dão mole pros velhos, mas só um pouco. Sabe como é ninfeta, né?
      Abraço!

    • Mas a Invenção de Morel também é da Cosacnaify, Raphael! A menos que você tenha lido outra edição. Tudo bem que é um livro menorzinho e mais barato, mas ainda assim…
      Aliás, tenho que ler esse livro, devo ser o único leitor de Bioy no século XXI que não começou por esse livro.
      Abraço!

  3. Opa! O título me deixou curioso, e o post também! Quando eu estiver bem de grana, esse livro sairá da lista de compras e irá para a prateleira \o/

    Forte abraço

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