José Saramago – A Jangada de Pedra

Ler Saramago é uma ótima experiência, mas recomendo extrema parcimônia. Ler mais de um livro seu por ano pode encher o saco. É o tipo da literatura maneirista que precisa ser maneirada. Recomendo essa regularidade, então, para que ninguém pegue raiva de seu estilo pouco convencional, sem aspas, travessões e bom senso no tamanho dos parágrafos.

Esse gajo, consagrado escritor, prêmio Nobel de literatura em 1998 — o único Nobel de língua portuguesa até o momento— é um daqueles velhinhos simpáticos que, na rua passam despercebidos e resistem na paisagem — vai enterrar muita gente ainda. E, por ter uma obra vasta, capaz de preencher uma prateleira inteira, tem lá seus livros mais famosinhos. Ensaio Sobre a Cegueira, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, O Ano da Morte de Ricardo Reis, A Caverna, etc. Perto dessa antologia, A Jangada de Pedra (lançado no mesmo ano em que ganhou o Nobel) é um de seus lados B. Na verdade, o leitor experimentado de Saramago vai ver neste livro um protótipo de Ensaio Sobre a Cegueira, seu opus máximo. Os elementos são muito próximos, se liga na história.

A Jangada de Pedra, assim como o Ensaio, parte de um acontecimento inesperado. A península Ibérica começa a se desprender do continente europeu e passa a navegar pelo oceano Atlântico. Nisso todo mundo fica doido, como no outro livro. A partir daí, um grupo de pessoas, reunidas por escolha própria, ao saberem que todas experimentaram alguma espécie de estranheza antes do acontecimento, partem em um carro velho, apelidado Dois Cavalos, para ver a racha (é a racha mesmo). Tem tudo que o Ensaio Sobre a Cegueira tem: o grupo reunido pela adversidade, a falta de explicação lógica, o cachorrinho companheiro, a violência que as pessoas cometem quando são tiradas de sua normalidade, enfim, os elementos estão lá. A diferença talvez permaneça no teor: A Jangada de Pedra é um livro muito, mas muito mais brando, até engraçado em sua aventura. Tem piadinha com velho, tem sacanagem, tem uma felicidade peculiar de pessoas que, frente ao desconhecido, não se assustam, mas aproveitam as mudanças.

Uma coisa que acho super legal nas histórias do Saramago é a capacidade que ele tem para pensar nos detalhes da adversidade que sua mente maluca cria. Neste livro por exemplo, há uma confluência de engenheiros que não se entendem sobre o que está acontecendo, e servidores da manutenção pública tentando consertar o problema com morsas ou coisas parecidas. Também há a cobertura jornalística, as manifestações pela Europa e inclusive a delicada situação em que fica Andorra (aquele país pequenininho entre a Espanha e a França no qual o Brasil mete uns quatro a zero nos amistosos da seleção). Ele deixa pouca coisa passar.

Garimpei esse livro de uma livraria da Travessa, e acabei ganhando ele de presente do querido Tio Fred, meu vizinho lá em Mambucaba. A versão de bolso talvez seja a única disponível no momento. Saramago em versão de bolso deve ser um pouco dose, mas vale a pena. Essa edição que eu tenho tá velhinha, mas é da coleção do Saramago depois que ele ganhou o Nobel. A Companhia das Letras caprichou, mas acho meio sacanagem meter a faca no nosso bolso só por causa daquele selinho de prêmio Nobel. Simplesmente inviável. A capa em alto-relevo do Arthur Luiz Piza (artista plástico que tem um trabalho bem coerente) dá um tchananã pro negócio, e as laterais, todas em cores meio ocres e acinzentadas, para ornar com a obra de Piza na capa, compõe um outro tipo de coleção, não muito bonita, mas ao menos, distinta.

Comentário Final: 317 páginas pólen soft. Uma marretadinha.

Italo Calvino – O Cavaleiro Inexistente (Il Cavaliere inesistente)

Tenho uma relação de amor e ódio com Ítalo Calvino. Adoro alguns livros dele, mas outros me irritam demais por sua proposta formalista. O Cavaleiro Inexistente, felizmente, é um desses livros que afloram a parte do amor. Mas acho que todos que se aventurarem a ler esse livro vão achá-lo divertido e bem escrito. Convenhamos também que é um livro curtinho, e pra odiar um livro com menos de 150 páginas o livro tem que ser muito ruim (e Ítalo Calvino já conseguiu uma proeza dessas com outro livro que um dia comento por aqui).

O Cavaleiro Inexistente é a última parte da sensacional trilogia Nossos Antepassados, quem é composta também por O Visconde Partido no Meio e o Barão nas Árvores. Confesso, que, se for para escolher um dos três, prefiro o livro do Barão. Mas também não dá pra comparar, a proposta de o Cavaleiro Inexistente é outra, basicamente um livro de comédia italiana, daquelas à la Mario Monicelli.

O livro se passa na frança, em uma brigada de cavaleiros do rei Carlos Magno. O paladino Agiulfo Emo Bertrandino dos Giuldiverni e dos Altri de Corbentraz e Sura (não vou mais repetir o nome do sujeito aqui, hein?) é o melhor cavaleiro da brigada. O problema é que ele não existe. Não há uma pessoa debaixo de sua sempre reluzente armadura. Existe apenas pela vontade de servir à causa. E é um militar dos mais caxias, de fazer par com Pantaleão Pantoja. Mantém a disciplina e o asseio e cobra o mesmo de seus companheiros, o que logo lhe estigma a alcunha de mala sem alça. Brigando junto com ele está toda uma trupe digna de um filme da franquia L’Armata Brancaleone, entre eles Rambaldo, o desastrado cavaleiro sem talento que guarda grandes semelhanças com Riobaldo, de Grande Sertão: Veredas, a começar pelo nome e a terminar com o fato de acreditar que é um boiolinha enrustido por estar apaixonado por um cavaleiro de seu bando (que, como no livro de Guimarães Rosa, é mulher, dã). Acabam aí as semelhanças (nem eram tão grandes assim, né?).

Calvino mostra com esse livro que seu negócio é mesmo a comédia. Já leu algum drama dele? É chato e sem emoção nenhuma. Aliás, quando Calvino se propõe a fazer algo que não seja comédia, ele gosta de dar um propósito à empreitada, como um romance de tese ou algo parecido. Só mesmo na comédia ele bota as manguinhas de fora e faz boa literatura, dessas com pegada. E o Cavaleiro Inexistente é um ótimo exemplo disso. Em menos de cento e trinta páginas ele resolve uma história que um Proust da vida ia resolver em, sei lá, duas mil páginas. O livro é curto e tem um ritmo ágil, como uma piada desses tipos “Zé do couro” que a gente vê vendendo cedê com anedotas. A graça do livro está fundamentalmente em seus personagens desajustados (ou ajustados em demasia, como Agiulfo), mas poderia estar também na sátira à boçalidade do exército medieval, em todos os seus sentidos.

Vamos combinar que essa coleção do Ítalo Calvino da Companhia das Letras é o sonho de todo escritor. Projetos gráficos lindassos, com tomos coloridos e diversos (a obra do autor é vasta, afinal). Até imprimiram o livro em fonte Garamond Light, que é miudinha e charmosa pra caralho no conjunto. A editora acertou em cheio nessa coleção. A mancada é não ter lançado alguns títulos como Sob o Sol-Jaguar e O Caminho de SanGiovanni nessa nova coleção. Ah, e quem conseguir achar Palomar pra mim, ganha outro Chicabon. Ô livro difícil da porra de encontrar.

Ganhei esse livro do meu pai. Estava lá na Fnac e ia comprar a Brincadeira do Milan Kundera, mas tava caro. Com cinquentão deu pra levar esse e mais a Ignorância, do mesmo autor tcheco. Até hoje nunca li a Brincadeira. Alguém aí que já leu: é bom?

A propósito, o livro de hoje foi sugerido pelo amigo Henrique Schaefer. Quer sugerir algum também? Fique à vontade, só veja se ele está na minha biblioteca do Skoob.

Comentário Final: 131 páginas pólen soft. Não machuca nem o Samuel L. Jackson naquele filme do Shyamalan.

J.M. Coetzee – Juventude (Youth: Scenes from Provincial Life II)

O livro de hoje é especialíssimo, não só porque foi escrito por John Maxwell Coetzee, prêmio nobel de literatura em 2003 (e é meu escritor favorito no momento), como também porque o livro em questão é parte da trilogia cujas primeira e terceira partes estão sendo lançadas agora no fim de abril pela Companhia das Letras. Senhoras e senhores, eu lhes apresento: Juventude!

Juventude é o que chamamos de “romance de formação”: Uma ficção autobiográfica que mostra o desabrochar (ui!) do escritor, seja para a vida literária, seja para um caráter de sua personalidade que reconhecemos em sua obra. A trilogia em questão chama-se Cenas da Vida na Província, e é formada pelas obras Infância, Juventude e, no fim de abril, Verão. A primeira parte já havia sido publicada no Brasil sem muita expressão pela editora Best Seller. Como não li nenhum dos outros dois, ater-me-ei ao que vim.

Juventude narra — ora veja! — a juventude do sul africano John Maxwell Coetzee, do fim de suas faculdades na Cidade do Cabo (em Letras e Matemática), à sua fuga/migração (a coisa estava mal para os africâneres naquela época) para Londres, onde passou a trabalhar para a IBM. Isso em 1962, época em que quase ninguém havia visto um computador na vida. O livro, narrado em terceira pessoa sobre ele próprio, é melancólico e exprime uma sensação desagradável, como os seus demais livros. Me marcou por motivos pessoais a passagem em que ele diz que assinala um S nos dias do calendário em que passa em mais absoluto silêncio, sem conversar com ninguém, simplesmente porque não conhece viva alma em Londres e DDI naquela época era um luxo.

Curioso perceber nesse livro, já que foi o único autobiográfico que li sobre ele, como o autor não esconde sua incapacidade para lidar com as pessoas e como se sentia inferior aos colegas de faculdade que dominavam as leituras clássicas na palma da mão (parece que isso mudou e que Coetzee é agora um cara arrogante, embora continue inapto para relações interpessoais).

Li poucos romances de formação (em 2007 encarei a Trilogia da Crucificação Rosada, do Henry Miller), mas Juventude, por mais curtinho que seja, é tocante. Saber que esse sujeito grandioso que é J.M. Coetzee labutou igual nós, reles mortais, numa cidade fria e esquisita que nem Londres numa rotina massacrante, para depois se tornar o rockstar (ele é o mais próximo que eu tenho de um ídolo) que é hoje é realmente animador. Dá-nos a possibilidade de viajar na maionese e aspirar a um pouco mais.

O ruim desse livro, como no livro do Tezza, é achá-lo. Se tiverem sorte, a livraria do Chaim deve ter um ou dois exemplares sobrando dele. Fora isso, internet. A coleção dos livros do Coetzee depois que ele ganhou o Nobel é simplesmente foda. Fonte Electra (um viva pra essa fonte e um Chicabon pra quem me descolá-la) é sempre bem vinda. Telas do sensacional Fábio Miguez (Google já, seu ignorante!) estampam as capas dos oito livros lançados por essa coleção. Por alguma razão que me foge, a Companhia das Letras está reformulando as capas de seus livros. Diário de um Ano Ruim foi lançado com uma capa meio esquisita e até Desonra ganhou uma nova edição com uma capa parecida. Verão vai ter ainda um outro estilo, diferente de todos os outros. É bonito, mas preferiria ter algo mais harmônico na minha estante. É coisa de maluco, eu sei.

Ah, o Irinêo Netto, editor da Gazeta do Povo, escreveu uma excelente resenha de Verão. Recomendo. Leia aqui.

Comentário Final: 184 páginas pólen soft. Sortudo vai ser quem apanhar com esse livro!

Chimamanda Ngozi Adichie – Meio Sol Amarelo (Half of a yellow sun)

Devo confessar que minhas expectativas sobre esse livro quase foram a sua ruína antes da hora. Foi preciso que eu parasse, refletisse sobre a intenção dele, para então começá-lo de novo e dessa vez, sim, entender a proposta da jovem escritora Chimamanda Adichie com Meio Sol Amarelo. A escritora foi minha porta de entrada para a literatura nigeriana (não posso fazer nada se resolveram publicar um livro do Chinua Achebe só no ano passado), e por isso, esperava que o livro não só me apresentasse o estilo da literatura do país, mas também a identidade nigeriana. E foi burrice minha, já deveria saber que literatura nenhuma tem obrigação a buscar esse tipo de coisa para o leitor.

Por outro lado, como J.M. Coetzee muito bem colocou na segunda palestra do romance Elizabeth Costello, o romance africano é escrito quase que exclusivamente para estrangeiros, visto que a população de leitores no continente é muito baixa. Sendo assim, o romancista africano deve construir, em todo livro, uma imagem da África que seja coerente com a idealização que nós, não-africamos, temos do continente, seja ela qual for. E não que Adichie não tenha feito isso. O problema (para mim, em um primeiro momento, pelo menos) era que esse não fosse o foco da obra.

Meio Sol Amarelo conta a história de um grupo de pessoas — mais especificamente duas irmãs, Olanna e Kainenne, que, no final da década de 60, separaram-se ideologicamente por conta da guerra civil que culminaria com a fundação de Biafra, o estado independente do povo ibo que existiu por três anos, até sua dissolução, em 1970. Enquanto o grupo, que é formado também por um jornalista inglês e um menino do interior do país, luta para sobreviver, rolam umas brigas familiares e um troca-troca de casais que eu achava que não tinha nada a ver com a história.

Acontece que justamente a briga familiar e o troca-troca de casais é a verdadeira história do livro. A guerra civil foi o momento histórico que costurou todo o enredo e foi responsável pelo desfecho de cada um dos personagens, mas não era a intenção da escritora entrar em muitos detalhes sobre o episódio (embora haja sim, algumas discussões políticas). Para fazer um comparativo de fácil compreensão, eu estava irritado como um alemão que pega o Tempo e o Vento, do Érico Veríssimo, para ler, e espera tomar conhecimento de cem anos de política nacional. Foi aí que percebi o porquê de Meio Sol Amarelo ser um Best-seller da língua inglesa (mais de 320 mil exemplares, se não me engano). Quem lia esse livro, o lia como um romance de amor em tempos difíceis, como um desses dramas de guerra ou algo assim. Um evento histórico que muda a vida de algumas pessoas. Mas nunca como uma análise sobre o episódio.  E assim, entendida essa questão, preciso dizer que a leitura da moça não é capaz de pegar na veia.

Talvez esteja fazendo uma leitura muito simplória desse livro, mas acredite, já tentei fazer a leitura mais difícil dele também. Traduzido para 27 línguas, ganhador de alguns prêmios (entre eles o Orange Prize, que só dá prêmio pra esse tipo de livro, quase), uma belíssima publicação da Companhia das Letras que — pasmem vocês — não teve a capa feita pelo João Baptista da Costa Aguiar (foi uma artista chamada Mayumi Okuyama, que fez algumas outras capas, como o do livro A Outra Vida, do escritor Rodrigo Lacerda), tudo isso não fez a obra bater no coração. Mas tudo bem. Não deixa de ser uma boa leitura só porque não é especial.

Comentário final: Pesadas 502 páginas pólen soft. Quebra umas costelas facilmente.

Ismail Kadaré – Dossiê H (Dosja H)

Vou confessar que não sei nada, ou quase nada, sobre a vida de Ismail Kadaré. Mas é só olhar pra cara de Droopy (“sabe de uma coisa? Eu estou tão feliz…”) dele e ler um ou dois livros de sua vasta obra para perceber que o sujeito é meio amargurado, pra não dizer totalmente amargurado. Não se pode culpá-lo, afinal. O leste europeu de uma maneira geral, e a Albânia mais especificamente, já que tratamos da literatura de seu país, é triste e escaldado como o cão de rua que apanhou a vida inteira. Até se você for dar amor, ele se assusta e sai correndo, ou te morde achando que é mais porrada. É mais ou menos essa a animosidade de Dossiê H, escrito em 1989 e publicado pela Companhia das Letras, nesta minha edição (presente de natal da minha mãe), em 2001, parte da bela coleção que a editora fez para um dos únicos escritores albaneses a ganhar o mundo. Belíssimas fotos na capa (a deste livro são colinas que se sobrepoem, não sei se da Albânia porque foi tirado do site CORBIS) do esloveno Arne Hodalic, fotógrafo da National Geographic. E cada edição tem uma cor diferente, uma moda que a Companhia das Letras faz muito, e fica bonito mesmo. O miolo também agrada: pólen soft basicão e fonte Electra (sou paradão nessa fonte, um chicabon pra quem me descolar ela). E o melhor é o conteúdo.

A intenção do livro, tenho quase certeza, é mostrar que albanês da roça é mais jeca do que curitibano no Batel Soho. Para isso, ele usa como o tema a poesia homérica, aquela que é cantada e nunca escrita, passada entre as gerações de cantadores. Dois pesquisadores irlandeses vão para um fim de mundo lá da Albânia que dizem ser o último reduto dessa prática. Eles trazem consigo um gravador de fita magnética, o que, na época em que se passa o romance, era a última palavra em tecnologia de mídia. E claro que na Albânia não tem nada disso, então o povo fica rebuliçado achando que tem caroço no angu. O governador do lugarejo coloca um espião na cola deles, que por sua vez, se desespera para zelar por seu nome. Já a primeira-dama fica idealizando um romance com um dos pesquisadores, numa tensão sexual veladíssima à la Stendhal em O Vermelho e o Negro. Com tudo isso, a chance dos irlandeses saírem impunemente de sua expedição diminui a cada página. E a intenção deles, assim como a do desavisado que vai afagar o cachorro de rua, é das melhores. Mas a mordida é profunda e cheia de ziquezira.

Eu tenho quase certeza também (as certezas não são certas quando você lê um autor pela primeira vez) que esse livro era para ser uma comédia. Afinal de contas, tem todos os elementos: O estranho que chega, a cidade em polvoroça, a paranóia com estrangeiros que vem fazer-nã0-sei-o-que-aqui-nesse-fim-de-mundo, a mulher casada com fogo na periquita, o espião em fim de carreira, enfim, um cenário propício para uma comédia do interior no melhor estilo  O Bem Amado. Mas como eu disse, o sujeito é tão amargurado que a comédia dele saiu super triste. E escrever um romance de comédia (uma comédia que seja inteligente, vá lá), requer do autor uma sutileza e uma relação muito íntima com o humor, porque, na forma de palavras, todo o texto parece triste. E com esse não foi diferente. Se é, de fato uma comédia, vou dizer que é a comédia mais triste que eu já li.

Um PS: É louvável o trabalho desses tradutores que fazem chegar ao português obras escritas em línguas bizarras sem fazer ponte com outro idioma. O tradutor Bernardo Joffily, poliglota que só ele, se deu ao trabalho de aprender albanês e traduzir a obra de Kadaré. É esse tipo de coisa que dá o verdadeiro acesso à cultura do mundo. Então, Bernardo Joffily, um abraço pro senhor. Se eu te encontrar algum dia, te pago um suco.

Comentário final: 166 páginas em polém soft de gramatura baixa. Deixa um hematomazinho, no máximo.