Desafio Livrada! 2016

Mais um ano, queridos leitores. Estamos aqui seguindo firme e forte nessa brincadeira de ler livros e falar sobre eles na internet. Como é tradição todo ano há uns quatro anos, abro a temporada 2016 com o Desafio Livrada! Mais uma vez com 15 categorias, 14 das quais você escolhe e uma delas quem escolhe sou eu porque alguém precisa salvar um desavisado de encher o ano com Danielle Steel e afins.

Todos os anos o Desafio Livrada! tem por trás de suas categorias uma intenção geral. A do ano passado, carinhosamente e oficialmente-não-oficialmente batizada de Highway to the Danger Zone, tinha como objetivo fazer o leitor sair de sua zona de conforto e entrar em uma zona de perigo, com leituras desconfortáveis, pouco usuais. A desse ano, como pode-se perceber (ou não pode-se perceber), é aquela mesma daquela plaquinha que dizia γνωθι σεαυτόν, ou “Conhece-te a ti mesmo” em letras não-escrotas.

Mais do que isso, gostaria de propor ao leitor desse ano um mergulho não só um ano de auto-conhecimento, mas um ano de conhecimento literário um pouco mais erudito. Temos entre as categorias um prêmio Nobel, um cânone da literatura, um livro russo e algumas outras que podem fazer com que o leitor adentre 2017 tendo vencido alguns traumas de sua vida de leitor iniciante ou experiente. As outras categorias fazem parte do processo de conhecimento interior. Com elas você vai descobrir por que comprou um determinado livro que lhe pareceria ilógico de comprar, quais os guilty pleasures que lhe fazem bem, qual é a literatura produzida na sua terra e qual o seu trauma de nunca ter lido nada que seus amigos já leram.

E o que você faz com tudo isso, você pode estar querendo me perguntar. Nada, amigo. Faz quem quer, quem não quer não faz. Fica peixe. Mas quem quiser brincar como centenas de pessoas que já toparam a brincadeira pelo instagram, é só fazer sua lista de livros que se encaixe em cada uma das categorias, botar a leitura pra frente e, se quiser, compartilhar com a gente, seja em forma de vídeo, seja em forma de foto no insta, usando a hashtag #desafiolivrada2016, como você pode ver alguns exemplos já postados. Seguem as categorias:


1- Um prêmio Nobel
2- Um livro russo
3- um cânone da literatura ocidental
4- uma novela
5- Um livro que você não sabe por que tem
6- Um autor do seu estado
7- Um livro publicado por uma editora independente
8- Uma ficção histórica
9- Um livro maluco
10- Um livro que todo mundo já leu menos você
11- Um autor elogiado por um escritor de quem você gosta
12- Um livro bobo
13- Um romance de formação
14- Um livro esgotado
15- As aventuras do bom soldado Svejk

Dúvidas sobre as categorias? Segue o vídeo explicativo. É só clicar na imagem abaixo. Ou pode deixar sua dúvida nos comentários do vídeo que eu respondo também 🙂

Desafio Livrada 2016

Ainda não sabe do que eu estou falando? Veja aqui os outros:

Desafio Livrada! 2015

Desafio Livrada! 2014

Desafio Livrada! 2013

Desafio Livrada! 2011

Vídeo: Entrevista com Diego Vecchio

Estava na Flip e me foi oferecido uma entrevista com o convidado argentino Diego Vecchio, que publicou o livro “Micróbios” pela Cosacnaify, uma proposta bem interessante e um livro bem resolvido depois de um começo meio decepcionante.

Como expliquei na descrição do vídeo, ia ter legenda, mas acabou que não teve porque não tô mais com tanto tempo livre assim, e essa máquina não para. Mas ele fala direitinho e devagar, não acho que alguém vá ter problema para entender o castelhano do cara.

Clica na imagem aí!

vecchio.Still001

Vídeo: Desafio Livrada! 2015

Agora sim! Sejam bem-vindos oficialmente ao Livrada! 2015, que é o Livrada! on fire. Estamos em site, Twitter, página do Facebook, canal do YouTube e agora também no Instagram. Quase igual o McDonalds, onipresente, imperialista, querendo dominar o mundo enquanto você cochila. Yeah!

Pra começar o ano (que na verdade só começa depois do carnaval, tem o desafio do ano. Reparou que depois do Desafio Livrada! 2014 quase todos os desafios literários desse ano seguem esse molde? É, é o Livrada! lançando tendências em terras tupiniquins. Uns tentam me copiar, outros tentam… ah, sei lá, não tenho vocação pra fazer frase de piriguete.

Pra quem não sabe, já tinha lançado no começo de janeiro o Desafio Livrada! 2015 no Facebook. Mas aqui vão as 15 categorias e o vídeo explicativo (mais ou menos explicativo). Antes, contudo, algumas palavras sobre esse desafio.

Ele segue o mesmo molde do ano passado, só que a novidade é que agora existem categorias que vão causar desconforto, não importa qual tipo de leitor você seja. As categorias do ano passado eram mais abertas e mais flexíveis ao gosto de cada um, mas o Desafio Livrada! 2015 é um desafio de verdade porque invariavelmente você vai ler um ou dois ou três ou cinco livros que não leria de outra forma, e talvez sequer consideraria. Com isso, contudo, espero não irritar os leitores, mas fazer o papel de um blog literário, que não é, ao contrário do que alguns pensam, guiar o consumo, mas apresentar novas oportunidades de leitura e interpretação. E a interpretação passa pela diversidade. E a diversidade passa pela experiência do conhecimento, e a experiência do conhecimento nem sempre é massa. Então, fuerza.

Desafio Livrada! 2015 – HIGHWAY TO THE DANGER ZONE

1- um livro policial
2- um livro infanto-juvenil
3- um livro de ficção científica
4- um livro escrito antes do século 20
5- um livro de ensaios, artigos ou crítica literária
6- um livro que você já está querendo ler há mais de dois anos
7- um romance com protagonista feminino
8- um romance africano
9- uma peça de teatro
10- Um romance de realismo maravilhoso latino-americano
11- um livro que todo mundo diz que merece uma chance mas você acha que não
12- uma biografia
13- um livrorreportagem
14- um livro que virou filme.
15- Pastoral Americana

MONTAIGNEClica no Montaigne.

Vídeo: Edward Bunker – Educação de um Bandido (Education of a Felon)

Fala, macacada! Hoje a resenha é em vídeo também, e desde já gostaria de agradecer imensamente ao feedback recebido e a todos vocês que se inscreveram no canal. Com um vídeo, já estamos beirando as 150 assinaturas, mas precisamos continuar pro Google e seu filhote YouTube levarem a gente a sério. Então, por favor se inscrevam no canal do Livrada! É super fácil, ó: primeiro, você clica na imagem aí embaixo, depois, logado com a sua conta do Google, você clica no retângulo vermelho embaixo do vídeo onde diz “Inscrever-se”, e pronto! Não custa nada pra você, mas é uma mão na roda pra gente!

Estão gostando do nosso humilde vlog filmado na minha humilde residência? Acho que vou tirar o meu wheyzinho do fundo nos próximos vídeos, alguns de vocês ficaram muito chocados com ele. Whey é vida, galera! Deixem de manha. Peço desculpas por eventuais falhas técnicas, estamos todos aprendendo a fazer isso ainda, e a ideia é melhorar sempre.

Mas enfim, não era isso que vocês vieram ler aqui. Vocês querem saber sobre o Ed Bunker (o Mr. Blue do Cães de Aluguel) nessa deliciosa dica literária que vos deixo para essa semana. De resto, já sabem: curtam o vídeo, compartilhem, discutam na caixa de comentários, se quiser eu até respondo por lá!

livrada vlog still 2

 

Clica na imagem, abestado.

Quatro anos de Livrada!

Uma mensagem pessoal do honorável e marmorizado editor e criador deste blog.

600842_10202009725538432_1052563728_n

Entrando oficialmente no Ano V do nosso querido blog e, como sempre, comemorando a data atrasado. Esse deveria ser o post da semana passada, mas quem é que quer saber dessas engenharias internas anyway? Engraçado, essas coisas só acontecem com blog, vlog, essas paradas em que o making off e a produção final meio que se misturam. Imagina se você abrisse o jornal toda manhã e as matérias começassem assim: “Infelizmente, porque entrou um anúncio de última hora, a gente teve que deduzir o tamanho dessa matéria aqui, e a gente ia dar ela ontem, mas resolvemos segurar porque blá blá blá”?

O que eu queria dizer é que em Abril de 2010, eu começava essa empreitada maluca de resenhar livros, e nos anos seguintes, escrevi posts comemorativos em que ensaiava um discursinho mais ou menos bacana para marcar a data. Só que acho que já falei tudo de bom que se pode falar sobre um pedaço tão desimportante da internet como esse, e acho que falei até demais. Mas ainda assim, gosto de tirar essa data do ano para refletirmos um pouco sobre o trabalho, sobre o porquê de fazer o que eu faço. Então prefiro falar das novidades que teremos para esse ano até o momento, que são novos parceiros no blog. Antes, algumas palavrinhas sobre esse negócio que pode ser pra lá de promíscuo, e desde já peço desculpas pela cagação de regra eventual.

Eu não sei ao certo como isso começou, mas parece que a prática foi escancarada nos blogs de meninas: as marcas, de roupa e cosmético, sei lá, mandavam as coisas, pagavam um extra, e de repente chovia elogio na mídia informal. Aos poucos, com a crescente demanda, nem precisavam mais pagar nada, tinha muita gente aí pra ser comprada com batom, rímel, melissa e sei lá mais o quê. Hoje em dia tem blog que existe com o único propósito de ganhar essas paradas e não é difícil concluir que o raciocínio pode ser transposto para o conceitualmente menos promíscuo mundinho dos blogs literários. E de fato, hoje temos de tudo: gente puxando o saco de editora, gente que faz blog pra ganhar livro, gente praticamente analfa comentando best-seller e por aí vai.  Não posso falar por todo mundo, mas pra diferenciar o que eu faço do resto, é preciso buscar apoio editorial (que é, no fundo, um apoio financeiro, porque gastar dinheiro com livros é um troço que pode falir um blogueiro), mas ao mesmo tempo, ser firme e fiel com a linha editorial. Com isso, tive que rejeitar editoras de qualidade duvidosa, brigar com assessor de imprensa que acha que eu tenho a obrigação moral de escrever sobre um livro porque ele me mandou, ou, pior ainda, escrever e escrever bem, explicar que não faço post pago, que eu tenho uma fila gigantesca de livros, e que às vezes um passa na frente do outro sem nenhuma razão. Enfim, aqui entraria alguma frase miguxa do tipo “falar de mim é fácil, quero ver ser eu” ou algo do tipo, mas acho que já deu pra entender a ideia, e a moral da história é: não acredite em tudo o que você lê por aí e exija independência editorial e intelectual dos blogs que você lê.

Atualmente, O Livrada! recebe livros das melhores casas editoriais do Brasil. Algumas ainda menosprezam o site porque não tem foto miguxa nele ou, sei lá, não tem um milhão de acessos por mês, ou têm medo de que eu fale mal de alguma coisa. Das boas que estão de fora, acho que a Biblioteca Azul, do grupo Globo, foi a única que solenemente rejeitou a proposta até o momento. É diferente, por exemplo, da Alfaguara, que não responde meus e-mails. De resto, tenho o mais saudável dos relacionamentos com as editoras que me mandam livros, e é apenas uma pena que algumas tenham cota apenas para lançamentos, impossibilitando que a gente comente coisas mais velhas – o que, aliás, considero uma das grandes vantagens deste blog sobre os outros. Para incrementar a variedade editorial que é comentada aqui, anuncio dois novos parceiros já confirmados para este ano.

Zahar

Editora-Zahar

Ora, quem não gosta da Zahar boa gente não é. Jorge Zahar, quase pioneiro no lance de tratar livros como negócio de gente grande no Brasil, é quem abriu as portas para que a coisa fosse feita como é hoje. Livros bonitos, edições caprichadas, tudo nos conformes de quem manja da parada é o que esperamos. E temos já alguns livros da editora em mãos, da coleção Clássicos Zahar, que são edições comentadas, e Deus sabe como eu gosto de edições comentadas. Aguardem aí.

Editora 34

quadrado34

O meu interesse na Editora 34 é muitíssimo específico, e não é segredo: as maravilhosas edições comentadas e megatraduzidas direto do russo dos clássicos eslavos. Quem não gosta também é bobo e quem gosta sabe que o Livrada! é o canal pra encontrar essas coisas aqui. E obviamente outras coisas não-russas podem rolar eventualmente, mas a Coleção Leste é sempre a pedida do bolso deste blogueiro nas feiras universitárias. Aguardem que também já temos obras em mãos.

Basicamente é isso, deixem aí seus comentários sobre as reflexões ou sobre qualquer outra coisa. E segue o baile.

Orhan Pamuk – Neve (Kar)

orhan pamukBom dia, amiguinhos, já estou aqui, emendando um prêmio Nobel no outro neste fim de ano maluco de black fridays e adjacentes. O livro de hoje é um calhamaço e, sinto dizer, é o último deste ano resenhado aqui. Não fiquem tristes, porque a razão do recesso não é outra senão a nobre construção de um banco de resenhas que me faz muita falta. É um pouco frustrante para um sujeito que escreve periodicamente sobre livros ter de escolher suas leituras pelo tempo que elas vão consumir, para termos material toda semana, e qualquer um que entenda um mínimo de literatura sabe que isso não pode e não deve ser critério para ninguém, muito menos para um cara como eu, que procuro boas leituras sempre. Ter um banco de resenhas vai me colocar um pouco à frente das minhas postagens do ano que vem (assim espero) e isso vai me possibilitar pegar um livraço vez ou outra sem medo de gastar mais de duas semanas na leitura dele. De modo que entendam e não fiquem tristes por eu não ser uma máquina de ler livros. Tenho meu trabalho, minhas bandas, minha musculação, minhas propagandas de cueca para fazer, então achar tempo para ler um romance aqui fica muito difícil. Eu consigo, mas não com a qualidade que gostaria. Por último, ninguém tem saco pra ficar lendo resenha no fim do ano, já que todo mundo só está pensando em alugar casa na praia, comprar carrinho pras crianças e fazer piada de fim de ano com suas famílias pelancudas. De modo que, no fim das contas, não vai fazer muita diferença mesmo.

Mas vamos falar de coisa boa, vamos falar de Neve. Neve é talvez o romance mais popular do turco Orhan Pamuk, e vocês logo vão sacar o porquê. Pamuk tem essa rara habilidade nos escritores de hoje de prender a atenção do leitor com um livro de qualidade, que não gire somente em torno de ação ou intriga e suspese, embora seja muito verdade que ele comumente se aproprie de elementos policialescos para jogar a primeira isca. Resumir o romance a isso — uma trama policial –, entretanto, é um pecado digno de fazer você queimar no mármore do inferno.

A verdade é que Pamuk escreve sobre as complexidades de ser turco. A dicotomia de ocidente e oriente, de religião e estado, de fundamentalismo e secularismo e o grande dilema — para onde vai a Turquia no mundo globalizado — não estão muito longe da gente, mas vamos por um momento parar de ser paternalista e tentar fazer vocês gostarem de algo só porque a coisa se aproxima da sua realidade. Não! Experimente também o exotismo, experimente se preocupar com questões que não têm nada a ver com você de vez em quando, experimente a compaixão distante. Você vai ver, vai ser legal.

Em Neve, essas questões estão mais presentes do que nunca. O mocinho é Ka, um poeta quase quarentão que, após morar um tempo na Alemanha, vai à diminuta, pobre e esquecida cidade de Kars investigar o suicídio de garotas novinhas que foram obrigadas a descobrir a cabeça para entrar na escola em nome do Estado secular. O suicídio é o pecado-mor do islã, embora você tenda a não acreditar nisso dada a quantidade de homem-bomba que tem por aí, mas acredite, é verdade. Pois bem, o manto, que representa o islã político, representa também a visão descompassada do país com os movimentos sociais que estouram pelo mundo, mas o suicídio continua misterioso justamente por ser um pecado que garotas tão religiosas a ponto de morrer por vergonha do secularismo não cometeriam.

Mas Kars também é a cidade de Ipek, sua paixão de escola, com quem pretende casar. Rá, tem que ter romance, nem só de política um livrão desse sobrevive, não é verdade? Mas é aí que entra a genialidade de Pamuk, que pega o papel passivo da mulher que só faz romance enquanto os homens fazem política e inverte a coisa: os homens são uns bobos apaixonados e as mulheres é que são as políticas por trás de todos os atos que antecedem um golpe de Estado que toma conta de Kars.

orhan pamukNo meio disso tudo, Kars cria poemas como há muito não criava, e tudo se cria a partir da neve, uma constante na narrativa que a cada hora representa uma coisa, mas que, ao fim e ao cabo, é a expressão máxima da existência de Deus tanto em sua perfeição quanto em sua paz serena que acalma e perturba ao mesmo tempo. A neve desperta poemas que parecem surgidos de outro plano, transforma ateus em religiosos, traz o isolamento e pontua a narrativa com a lembrança constante de que Neve é um romance sobre uma vida que busca sentido após quase 40 anos de existência.

Personagens memoráveis nesse livro, minha gente. Sendar bei, o jornalista que publica notícias que ainda vão acontecer e que não acredita no que escreve; Azul, o terrorista clandestino que tem verdadeiro amor por sua própria imagem de terrorista; e Fazil (i sem pingo aqui, não sei qual é o significado,mas acho maneiro), o estudante que às vezes acredita demais no etéreo, e às vezes não acredita em absolutamente nada.  Todos eles, de alguma forma, representam a personalidade esquizofrênica da Turquia, já comentada antes. O resto é história, e a história deve ser lida e não contada num blog mequetrefe que nem funciona direito em dezembro.

Ah, esqueci de dizer uma coisa. O narrador da história também é um escritor chamado Orhan, que também é escritor. É engraçado como o Orhan da história se mistura ao escritor Orhan Pamuk, que às vezes não sabe do que não viu e às vezes é onisciente o bastante para saber os detalhes mais íntimos de momentos insignificante da vida de Kars, de quem é amigo. Um bom joguinho é tentar descobrir qual Orhan narra qual capítulo, mas isso é só pros nerdões de plantão.

O livro é um livrão, em formato grande mesmo, da Companhia das Letras. Tem o selinho do Nobel que encarece tudo e uma foto maravilhosa na capa. Comprei esse pra digníssima num sebo em que entramos para escapar da chuva e ele estava praticamente intacto pela bagatela de 20 dilmas, mas ainda tem bastante desses nas lojas por aí, então não se preocupem. Fonte Electra e papel pólen pra dar aquela suavizada no material. Resumindo, o tipo de livro que é difícil largar.

Relaxa que ainda boto mais um post aqui de fim de ano falando de mais coisas. Semana que vem ainda tem mais!

Comentário final: 482 páginas de puro calibre turco. Maktub.

3 anos!

Ô, ô, ô, o Livrada! voltou!, cantariam vocês, caso tivessem inclinações para rimas pobres e fossem educados musicalmente nas arquibancadas dos estádios. Mas como sei que meus leitores podem ser poucos (lentamente se tornando muitos), mas com a qualidade intelectual para apreciar boas piadas e críticas ácidas sobre livros outrora respeitados, sei que o que impera por aqui é uma casualidade mais comportada e menos musical. Não tem problema, o fato é que após pouco mais de um mês, estamos cá de volta para nossa árdua e inglória missão de propagar piadas e exegese literária aos quatro cantos da interweb brasileira e mundial.

E estou cada vez mais relapso com as efemérides, pois passou o aniversário do Livrada! e eu deixei por isso mesmo, sendo que não deveria ser assim. Afinal de contas, são três anos da minha vida dedicados a esse recôndito obscuro da deepweb. De novo, não ganhei dinheiro, mas ganhei amigos. Trocaria os amigos por dinheiro? Talvez, mas o fato é que consegui fazer desse lugar mais um dentre os milhões a discutir literatura de qualidade. E pode ser um pouco arrogante da minha parte, ou pode ser o timing, mas o fato é que na época em que comecei isso aqui, no começo de 2010, quase não havia blogs de literatura de qualidade e muito menos que tratassem o assunto de maneira leve e engraçada, ao passo que hoje tem um engraçadão em cada esquina. De maneira que o Livrada! pode ser considerado pioneiro em alguma coisa, e isso muito me orgulha.

De lá pra cá, muita coisa mudou no mundo da literatura, e destacaria, sobretudo, o crescimento absurdo do mercado editorial e a maneira como as editoras tratam hoje os blogs literários. A sensação é quase como a daquela galera de Seattle que fazia um som assim, meio pop, meio deprê, e de repente todos começaram a assinar contratos com grandes gravadoras. Ser percebido por quem tem interesse mercadológico no que você faz é bom, por que de repente você pelo menos não gasta mais dinheiro para alimentar isso com novidades, mas ser percebido por quem tem interesse cultural no que você escreve não tem preço. As mensagens de apoio e carinho que recebo aqui nesta caixa de comentários e da cada vez mais curtida página do Facebook por vezes me deram fôlego para escrever por mais uma semana, e por isso eu agradeço a todos.

Mas nada de ficar sentimentalóide por agora. Estamos em celebração pelos três anos do Livrada!, e não poderia deixar de falar dos escritores que também passaram por aqui. Cristóvão Tezza, Xico Sá, Elvira Vigna, Valter Hugo Mãe e Pedro Juan Gutierrez, obrigado pela leitura. E se deixei de agradecer a algum autor comentado, shame on you! Custa fazer a gente saber que você passou por aqui, ô, gostoso? Larga a mão de ser gostoso, ô, gostoso. Seja humilde, ô, gostoso. Nojento, tcham.

Eu tinha um livro para comentar por aqui nessa semana, mas resolvi dedicar esse post a nós mesmo e a tudo que construímos. E por nós quero dizer eu, você, leitor costumaz, você, leitor esporádico e você, adolescente chato que vem aqui pedir resumo de livro pra trabalho de escola. Obrigado pelas lembranças boas, pelos prêmios disputados e nunca conquistados, por todos os anunciantes que desapareceram depois de saber o preço de um banner simples aqui (eu acho que os caras tão achando que o Livrada! é bolinho ainda), por todas as editoras parceiras que me mandam livros sem pressão e por toda a atenção dedicada. Continuamos nos vendo por aqui até surgir a ordem de despejo.

Doem dinheiro para o Livrada! (é sério).

Dois anos!

É, galera, dia oito de abril entrou para a seleta lista de datas comemorativas na minha vida por causa desse singelo blog que há dois anos lancei sem muita pretensão, mal imaginando o sucesso que seria. Como sempre, fico meio emotivo pra escrever essas paradas, porque ganhei leitores e amigos, conheci gente do Brasil inteiro e do além-mar inclusive, dos caros irmãos portugueses que encontraram nesse mal diagramado espaço uma fonte para saciar sua curiosidade sobre títulos de literatura nacional, fui indicado a prêmios (embora não tenha ganhado nenhum), ganhei dinheiro, ganhei livros, ganhei fãs, ganhei críticas, ganhei inimigos, ganhei estágios, ganhei propostas de trabalho, enfim, ganhei o prazer de escrever sobre uma das coisas que mais gosto e ser lido, algo de que pouca gente pode se orgulhar. Nesses dois anos, nos quais primeiro publiquei resenhas diárias, depois semanais, depois duas vezes na semana e por último quinzenais, comentei cerca de 130 livros do que considero alta literatura, falei sobre hábitos de leitura e mesmo comentei algumas notícias, como a morte de Saramago e a vitória de Vargas Llosa.

E, sabe quando uma loja de eletrodomésticos faz aniversário e algum publicitário gênio inventa de falar “o aniversário é nosso, mas quem ganha o presente é você”? Então, aqui no Livrada! é mais ou menos isso, só que ao contrário. No aniversário do blog, quem ganha o presente é o blog, ora bolas! E o presente que esse blog precisava era mesmo alguma boa alma que se proponha a repaginar esse layout fédido e criar uma logomarca decente, mas isso não posso pedir porque não tenho dinheiro para pagar (se alguém quiser mandar esse depoimento triste para o Luciano Huck, eu me disponho a ir lá chorar de emoção num quadro estilo Lata Velha que reforma blogs). Então queria pedir algo que é simples, grátis e que todos podem colaborar: no dia de hoje, que é páscoa, eu sei, mas no dia de hoje e também durante essa semana, divulguem o Livrada! Convidem seus amigos a curtirem a página no Facebook, tuíte sobre ele no seu twitter, pendure uma folha de caderno com a url dele no mural da sua faculdade, fofoque sobre ele no seu grupo de oração, peça para a Sandra Annenberg falar dele no Jornal Hoje, enfim, seja gentil com o Livrada!, que sempre esteve aqui para entretê-los e, de certa maneira, aculturá-los sem nunca pedir nada em troca, que tal? O que ganhamos com isso? Mais leitores, mais amigos, mais inimigos, mais tudo! Se sobrar tempo, depois de fazer o Kony famoso, vamos fazer o mesmo com o Livrada! em 2012, só que sem a parte de caçar e matar ninguém, hein?

É isso, meus camaradas, agradeço mais uma vez a todos vocês que leem, assinam, acompanham ou só passam de vez em quando por aqui. Fiquem bem e em paz!

E o convite ainda está de pé! Mande seu autógrafo favorito para bloglivrada@gmail.com e compartilharemos histórias!